O behaviorismo radical de B. F. Skinner é chamado também de "abordagem do organismo vazio". Isso acontece porque nesta teoria sobre o comportamento humano são ignorados elementos referentes à "mente": se os elementos mentais não podem ser observados, eles não podem conseqüentemente ser objeto de análise científica.
Torna-se claro que este posicionamento é alvo de críticas de outras perspectivas, por exemplo o cognitivismo, que postula que a mediação dos processos de pensamento é fundamental na regulação do comportamento. Não seria possível, nesta crítica, que todo o comportamento fosse regulado exclusivamente pelos elementos ambientais através dos sistemas de contingências (reforços) porque processos como a memória, o pensamento e a linguagem modelam e oferecem soluções para as diversas situações pelas quais passamos.
Obviamente os processos mentais, definidos como a capacidade de processar de forma diferenciada informações provindas do exterior e do interior do organismo, são agentes reguladores centrais do comportamento. Mas queremos nos deter no seguinte aspecto: o que seria uma abordagem "cheia" do organismo? o que seria este cheio em contraposição ao suposto "vazio" skinneriano?
Quando se fala em vazio pensa-se em cavidade. Não é o caso do cérebro, a não ser que estejamos nos referindo aos ventrículos... falar num organismo vazio como propõem os críticos significa falar que há uma ausência, no caso, uma ausência de ser pensante. Mas pensar num organismo "cheio" implica em se perguntar: cheio de quê? Talvez implicitamente a isso esteja uma imagem de uma pessoa "morando" dentro do corpo ou do cérebro, "vestindo" a roupa da pele, ocupando um "espaço" e realizando as funções do pensamento, memória, etc. Seria cheio porque haveria um morador, alguém que dá uma identidade e uma consciência a cada organismo.
É sabido que os processos mentais regulam e são regulados por mecanismos fisiológicos. Se somos constituídos de neurônios que dependem de um equilíbrio fisiológico para permanecerem vivos e processando informação, ainda resta a questão de saber o que é este ser pensante, e se ele existe, onde está. Tão problemático quanto considerar um "organismo vazio" é postular a existência de um "organismo cheio". Mesmo que seja mais confortável pensarmos que existe um "alguém" em nós, torna-se cientificamente e filosoficamente complicado explicar o que ou quem seria este alguém. Mas se somos o produto de processos cognitivos, se nossa consciência depende do funcionamento de estruturas cerebrais para existir, talvez Skinner não estivesse tão errado assim.
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