Pós-graduações IMED 2013

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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O IDEB e os desafios da educação


Preocupantes os dados educacionais do último Índice de Educação da Educação Básica (IDEB). O Rio Grande do Sul apresentou uma estagnação da nota no ensino fundamental, e no ensino médio ocorreu uma diminuição do desempenho, de acordo com os resultados apresentados nesta semana.


Cabe então refletir sobre as causas deste desempenho fraco e sobre o que necessita ser feito para melhorar a educação, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio. São vários os fatores que geraram estes baixos índices, tais como as precárias condições físicas de ensino das escolas públicas, falta de renovação de acervo bibliográfico e investimento em mídias de ensino, além de problemas mais complexos, como a estruturação das matrizes curriculares e a remuneração dos professores. Mas isto não é novidade, pois há vários governos estamos nos defrontando com os mesmos problemas, e as soluções oferecidas são muito pontuais e transitórias. Se juntarmos a isso uma cultura brasileira imediatista e que não valoriza o ensino de excelência com o crescente número de professores sem estímulo intelectual e financeiro para desempenhar o seu trabalho, sem boas perspectivas de carreira, temos a tragédia instalada. Estão aí os números a confirmar.

Não é possível mudar a educação brasileira, aproximando-a de países destacados como a Coréia do Sul, sem alterações profundas e prolongadas. Mas para isso, é necessário rever muita coisa: a formação pedagógica de nossos professores, as propostas de currículo e, principalmente, a forma como o ensino acontece no dia a dia. Também é fundamental termos os pais como aliados no processo educacional, porque de nada adianta delegar para a escola tarefas que devem deles, pois também os pais precisam compreender e auxiliar o trabalho dos professores.

Tal como a educação dos nossos filhos, que não ocorre do dia para a noite, a educação dos nossos alunos também precisa ser inteligente, adequada às necessidades atuais e prevendo o que desejamos para nossos futuros cidadãos e profissionais. E não temos como delegar isso a terceiros, esperando por um milagre. Cada um de nós precisa ser o agente desta mudança hoje. Então, se você tem filhos, se você é estudante ou professor, pense e modifique a forma como está agindo, e faça isso dia a dia, hoje, amanhã, depois. Participe das reuniões de escola, converse com os professores e diretores, veja se a forma como a aula é ministrada faz a diferença na vida dos alunos, se pergunte se este é o melhor ensino possível. Não vai mudar amanhã, mas se o começo não for hoje, jamais acontecerá.

*Publicado no jornal Diário da Manhã, de 28 de agosto de 2012.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O pensamento de Watson

O sistema computacional Watson, da empresa IBM, venceu recentemente um programa americano de perguntas e respostas, mostrando que a capacidade computacional está se aproximando do processamento humano da informação.


Esta não é a primeira vez que a máquina vence o cérebro num desafio. Em 1996, o computador DeepBlue, também da IBM, venceu Garry Kasparov em partidas de xadrez. Mesmo imerso em polêmicas, estas partidas mostraram que o computador era perfeitamente capaz de processar informações de forma semelhante, nos resultados, ao cérebro humano.

Na revolução industrial, as máquinas substituiram a força humana, ampliando de forma gigantesca nosso potencial físico. O pensamento humano foi, por muito tempo, considerado algo que as máquinas jamais conseguiriam simular, pelo menos o processamento mais elevado ou mais complexo. Entretanto, a cada dia a tecnologia está demonstrando que esse limite está mais perto.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A inteligência e a evolução

É impressionante ver como a inteligência é um tópico que motivou pesquisas na psicologia. Pode-se dizer que desde sempre a humanidade identificou diferentes potenciais para o processamento de informações e a resolução de problemas; contudo, foram nos séculos XIX e XX que o tópico ganhou velocidade, graças ao nascimento da psicologia como ciência e da criação e aplicação de métodos quantitativos na pesquisa. Apesar disso, a inteligência ainda é um tópico muito controverso, que suscita algumas reflexões.

Em primeiro lugar, cabe definir o que é inteligência, e aqui os problemas mais ásperos começam. É fácil montar um teste "de inteligência", aplicar e corrigir, mas é difícil argumentar que aquilo que os resultados mostram é de fato algo chamado inteligência. Qualquer pessoa tem condições, consultando a literatura psicológica, de constatar que não existe uma definição sequer consensual. Uns definem como a capacidade de resolver problemas matemáticos; outros, problemas linguísticos, outros, para a utilização de ferramentas. Há pesquisadores que construíram hierarquias para estudar a inteligência, colocando alguns fatores como prioridade sobre outros. Desta forma, com esta profusão de modelos, fica difícil pensar em uma teoria geral da inteligência, mesmo porque "geral" é um termo que também precisaria ser definido com mais clareza.

Em segundo lugar, o que os testes medem? Habilidades. Quando montamos um teste psicológico, ele serve como ferramenta para averiguar o desempenho que uma pessoa tem sobre um conjunto de problemas. Se o teste visa identificar quanto tempo uma pessoa demora para montar um quebra-cabeças, esse teste pode ser chamado de teste motor; se diz respeito a responder preenchendo lacunas com as palavras adequadas, pode ser de lógica ou de linguagem. Mas mesmo que um teste mensurasse um número incrível de habilidades, mesmo assim ele mensuraria a inteligência?

Então, é perda de tempo estudar a inteligência? Não. O que talvez seja necessário fazer é uma revisão de definições. Estamos tão acostumados com termos como inteligência e personalidade, que fazem parte do nosso dia a dia, que temos dificuldade em definir o que eles realmente são. Talvez sejam termos que expliquem muito pouca coisa, ou mais tragam confusão do que clareza.

A evolução fez surgir em nossa espécie uma capacidade para solução de problemas, o que para muitos pode ser definido como inteligência. Mas a evolução nunca teve como propósito a construção da inteligência; ela aconteceu através das pressões seletivas ocorridas. Foram estas pressões, ao longo da existência dos nossos antepassados humanos e não-humanos, que nos dotaram com um conjunto de habilidades neurológicas que permitiram resolver diversos problemas relacionados com a sobrevivência: busca de alimento, proteção e reprodução. Assim, se definimos inteligência como o conjunto de habilidades para resolver problemas e compreender o mundo, podemos concluir que, na verdade, inteligência é um termo bastante genérico, e seu poder explicativo é artificial. E quanto mais genérico for um termo, mais impotentes serão nossos esforços para tentar defini-lo e estudá-lo com clareza. Isso explicaria, em parte, porque a "inteligência" é ainda um tema tão controverso.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O software mental

Muitas vezes a mente humana foi comparada a um computador. Guardando as devidas proporções, ela é de fato um órgão computacional, responsável pelo gerenciamento das informações produzidas pelo corpo e por ela própria. Entretanto, por mais complexa que a mente seja, é um produto da evolução do cérebro, seu órgão-sede.

De forma diferente de um programa de computador, mente e cérebro foram se auto-organizando com o processo da evolução da espécie humana. Ao longo das eras, percebe-se uma organização cada vez mais complexa, desde os organismos do reino monera até os animais, passando pelos reinos protista, fungi e vegetal. Quanto mais complexo o organismo se torna, buscando nichos diferentes de subsistência, maior é a necessidade de uma estrutura que receba adequadamente as informações exoceptivas e proprioceptivas e processe-as com agilidade e precisão. Podemos dizer que no organismo humano a mente não necessariamente é tão precisa assim nos processos perceptivos, mas de longe possui uma habilidade que nenhum outro organismo possui: a flexibilidade para o processamento da informação.

Mecanismos mentais como os sentimentos, os processos lógicos de raciocínio e tomada de decisões são resultados do processo evolutivo da espécie humana que, de alguma forma, proporcionaram pequenas vantagens evolutivas, e em vista disso permaneceram. Desta forma, estrutura (cerebral) e função (mental) foram modelados pelas contingências da sobrevivência e se adaptaram mutuamente. Podemos então dizer que, se o cérebro é uma espécie de "computador", é de um tipo muito especial, pois hardware e software foram se constituindo simultaneamente.

A psicologia, neste sentido, pode ser vista como engenharia reversa, buscando identificar, a partir das funções desempenhadas pela mente, a finalidade que esta função desempenhou ao longo do processo de evolução da espécie humana e que favoreceu a luta pela sobrevivência. Esse conhecimento é de utilidade fundamental para a psicologia clínica, visto que é pela compreensão da estrutura de funções como auto-estima, apego, egoísmo e altruísmo que se poderá compreender o estabelecimento de transtornos mentais.