Pós-graduações IMED 2013

domingo, 19 de setembro de 2010

Os mecanismos evolutivos

Muitas vezes, quando se considera a história evolutiva dos seres vivos, críticos da evolução argumentam que a vida teria evoluído rápido demais para que tenha sido uma obra das pressões do ambiente. Isso justificaria a existência de um design inteligente, mentor do desenho que os organismos vivos possuem.

Entretanto, a evolução é muito mais complexa do que se pode imaginar. É bastante comum que os biólogos analisem, especialmente, as pressões seletivas do ambiente que geram uma pequena vantagem reprodutiva como um principais mecanismos de especiação. Contudo, a vida é um fenômeno complexo, e é necessário também considerar a importante influência de fatores abióticos como causas de mutações.

O planeta é protegido por uma camada magnética chamada de magnetosfera. Ela é o produto do fluxo de elementos magnéticos no centro da Terra, produzido pelo movimento de rotação. Graças a ela é possível existir a vida como conhecemos, pois impede que grande parte do vento solar invada o planeta; é um escudo contra a força do Sol. Este escudo, entretanto, não é imutável, pois periodicamente sobre mudanças de polaridade, o que acaba modificando sua capacidade protetora. Aumentos de radiação devidos à baixa da proteção da magnetosfera podem ter efeitos sobre os genes.

Da mesma forma, erupções de supervulcões, que ocorrem periodicamente no planeta, também podem ter baixado as defesas do planeta e permitido a ação de agentes mutagênicos. Existem dezenas de supervulcões distribuídos ao longo da crosta terreste, e uma erupção pode deixar uma camada de vários centímetros de poeira por centenas de quilômetros quadrados. É estimado que uma destas erupções, há cerca de 2 milhões de anos, tenha feito isso por mais da metade do território que hoje compreende os Estados Unidos. Além dos efeitos sobre o solo, os gases expelidos por estas erupções danificam a camada de ozônio, aumentando os níveis de radiação ultravioleta, que também tem efeitos mutagênicos.

Quando pensamos a evolução, não é suficiente nos determos apenas nos efeitos da competição pela sobrevivência resumido à luta entre as espécies. A complexidade de fatores implicados é muito grande, mas, mesmo assim, não parece ser necessária a intervenção de um designer para criar a vida.

3 comentários:

Daniel F. Gontijo disse...

Pois a vida é tão rara. Talvez um golpe de sorte.

Marcia Fortes Wagner disse...

O planeta de tempos em tempos tem demonstrado sua força através das oscilações de resposta da natureza às agressões do homem ao ambiente. E isso tem ocorrido através de tempestades, erupções de vulcões, enchentes, tsunamis, terremotos,etc... Fico me perguntando qual o rumo que isso pode tomar se realmente não cuidarmos melhor de nosso planeta...

Edurt disse...

Se analisarmos do ponto de vista de um designer inteligente seria contraditório - uma vez que ele tenha criado todas as formas de vida - as necessidades e a estruturas biológicas comums a todos os seres vivos - referência aos ácidos nucléicos e bases nitrogenadas que são, de certa forma, estruturalmente iguais em todos os seres vivos. Não haveria necessidade de tal, poderíamos ter uma variabilidade estrutural muito maior, o que poderia facilitar a existência de certos seres, que, diante da perfeição da criação, não necessitariam de agentes mutagênicos para favorecer a adaptação.
Contudo, se os defensores da teoria do design inteligente admitirem a evolução - que fica evidente diante das semelhanças estruturais de TODOS os seres vivos - como um mecanismo possibilitado pelo designer eles estarão, de certa maneira, admitindo a teoria da evolução e a capacidade do ambiente de alterar - com os fatores mutagênicos, como a radiação, raios ultra-violetas, gases vulcânicos, etc. - e selecionar os indivíduos mais bem adaptados.