Pós-graduações IMED 2013

sábado, 28 de junho de 2008

A seleção do comportamento (II)

Para analisar o comportamento de uma espécie como a nossa é necessário considerar um grande número de variáveis, porque a variabilidade de nossos atos é bastante grande. Entretanto, Kurt Lewin (1890-1947) propôs uma equação que sintetiza essa complexidade:

C=f(P, MA)

onde C é o comportamento (seja normal ou patológico), P diz respeito aos aspectos individuais de cada um (constituição biológica, temperamento, genética) e MA é o meio ambiente, físico (clima, espaço) quanto emocional/social (família, comunidade, amigos, etc.). Portanto, o comportamento é função, um resultado da interação entre os aspectos ambientais e individuais, e por isso ele é tão amplo.

Essa equação, contudo, não reduz a psicologia a algo inquestionável nem preciso, mas aponta que a complexidade de nosso comportamento deve considerar os elementos individuais e os elementos ambientais em sua geração, perpetuação e modificação. O senso comum das pessoas tende a resumir o comportamento humano a uma ou duas causas, no máximo, e de forma irrefletida, como por exemplo quando se diz que alguém tem crises nervosas por causa da separação, ou que alguém tem depressão porque perdeu o emprego ou porque não tem vontade de trabalhar e "se ajudar". Analisar as situações de forma tão simplista e superficial pode dar respostas rápidas, mas estas respostas nem sempre terão a precisão necessária para analisar o comportamento em suas nuances principais.

Se o comportamento é um produto da interação entre os aspectos pessoais e o meio ambiente, como entender que há "seleção" de comportamentos? Se isto existe, como se processa? Não somos senhores absolutos de nossos comportamentos, e não podemos fazer tudo o que gostaríamos de fazer, senão teríamos o caos social. Nosso comportamento é selecionado a partir do ambiente que vivemos pelo ambiente e pelo organismo: podemos compreendê-lo como um conjunto básico de atos (comer, dormir, etc.) que gradativamente vai se tornando mais complexo pela interação de nossa base cerebral, que vai amadurecendo, com o ambiente onde estamos inseridos. Isso explica por que uma família que tem comportamentos como diálogo e respeito tende a reproduzir estes comportamentos em seus filhos. Há seleção de comportamentos, mas ela é feita, muitas vezes, de forma involuntária, e passa a ser registrada no aparato neuronal das pessoas que compartilham esse mesmo sistema.