Pós-graduações IMED 2013

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A necessidade de renovação


A capacidade de adaptação ao ambiente é uma das propriedades dos seres vivos. Esta habilidade permite que o organismo e as espécies se ajustem às mudanças ambientais normais e esperadas, tanto quanto àquelas que não estão previstas. Sem a capacidade de adaptação e mudança, os seres vivos estariam extintos.


No caso dos seres humanos, há uma combinação fina e complexa entre a adaptação e a capacidade de mudança. Pela nossa herança evolutiva, possuímos uma forte tendência a nos ajustarmos comportamentalmente a uma determinada situação, e após este ajuste não temos muito interesse em fazer novas mudanças de comportamento. Do ponto de vista cognitivo essa estabilidade é importante, pois nos garante certa permanência de respostas de comportamento: se um comportamento funcionou bem no passado, por várias vezes, ele possui boa probabilidade de funcionar bem em situações semelhantes no futuro. Isso explica, em parte, porque é tão difícil mudar velhos hábitos, especialmente se eles foram bastante reforçados.

Mas a mudança é necessária, e periodicamente ela mostra suas exigências. Ela é o indicador inequívoco de que a natureza, o mundo, as pessoas não são estáticos, e isso exige sempre, em alguma medida, uma resposta do organismo. Essas mudanças podem ser superficiais, como as coisas simples do dia a dia como comprar uma roupa nova, ou podem ser essenciais e marcantes; essas exigem os esforços mais profundos e causam as dores mais significativas, porque provocam uma revisão na forma como nos comportamos, como vemos as coisas. Mudanças assim são dolorosas, e por isso acabamos adiando, resistindo, negando.

Estamos novamente nos aproximando de um período que tradicionalmente as pessoas reveem seus comportamentos, conceitos e expectativas sobre a vida. É um momento no qual a mudança pode acontecer mais facilmente porque existe uma sensibilidade para a avaliação e a mudança. Mas estamos falando das superficiais ou das profundas? É uma mudança de visão de mundo? De alguns paradigmas, pelo menos? Os esquemas cognitivos nos dão parâmetros para lidar com o mundo, mas em algum momento eles mesmos necessitam de revisão. Por óbvio que as mudanças superficiais são as mais fáceis, mas as mudanças de referência, de esquema de mundo, são as mais duradouras. O esforço de mudar algum aspecto enraizado de nosso comportamento é grande, mas ele está acompanhado geralmente de bons ganhos.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O IDEB e os desafios da educação


Preocupantes os dados educacionais do último Índice de Educação da Educação Básica (IDEB). O Rio Grande do Sul apresentou uma estagnação da nota no ensino fundamental, e no ensino médio ocorreu uma diminuição do desempenho, de acordo com os resultados apresentados nesta semana.


Cabe então refletir sobre as causas deste desempenho fraco e sobre o que necessita ser feito para melhorar a educação, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio. São vários os fatores que geraram estes baixos índices, tais como as precárias condições físicas de ensino das escolas públicas, falta de renovação de acervo bibliográfico e investimento em mídias de ensino, além de problemas mais complexos, como a estruturação das matrizes curriculares e a remuneração dos professores. Mas isto não é novidade, pois há vários governos estamos nos defrontando com os mesmos problemas, e as soluções oferecidas são muito pontuais e transitórias. Se juntarmos a isso uma cultura brasileira imediatista e que não valoriza o ensino de excelência com o crescente número de professores sem estímulo intelectual e financeiro para desempenhar o seu trabalho, sem boas perspectivas de carreira, temos a tragédia instalada. Estão aí os números a confirmar.

Não é possível mudar a educação brasileira, aproximando-a de países destacados como a Coréia do Sul, sem alterações profundas e prolongadas. Mas para isso, é necessário rever muita coisa: a formação pedagógica de nossos professores, as propostas de currículo e, principalmente, a forma como o ensino acontece no dia a dia. Também é fundamental termos os pais como aliados no processo educacional, porque de nada adianta delegar para a escola tarefas que devem deles, pois também os pais precisam compreender e auxiliar o trabalho dos professores.

Tal como a educação dos nossos filhos, que não ocorre do dia para a noite, a educação dos nossos alunos também precisa ser inteligente, adequada às necessidades atuais e prevendo o que desejamos para nossos futuros cidadãos e profissionais. E não temos como delegar isso a terceiros, esperando por um milagre. Cada um de nós precisa ser o agente desta mudança hoje. Então, se você tem filhos, se você é estudante ou professor, pense e modifique a forma como está agindo, e faça isso dia a dia, hoje, amanhã, depois. Participe das reuniões de escola, converse com os professores e diretores, veja se a forma como a aula é ministrada faz a diferença na vida dos alunos, se pergunte se este é o melhor ensino possível. Não vai mudar amanhã, mas se o começo não for hoje, jamais acontecerá.

*Publicado no jornal Diário da Manhã, de 28 de agosto de 2012.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O cérebro escaneado


A compreensão sobre o funcionamento do cérebro está prestes a efetuar um avanço gigantesco. Philip Low, da NeuroVigil, construiu em sua tese de doutorado um algoritmo de análise de ondas cerebrais capaz de decodificar o complexo sistema de comunicação entre os neurônios. Saber qual informação trafega entre as diversas redes neurais é fundamental para se compreender o status de funcionamento do cérebro.

O iBrain, como é chamado o equipamento, consiste em alguns eletrodos capazes de receber ondas cerebrais de várias partes do cérebro. A vantagem, em relação a equipamentos tradicionais, é que o iBrain capta o funcionamento cerebral como um todo e após o decodifica com base no algoritmo de Philip. Esta decodificação permite que um computador possa identificar eventos cerebrais distintos, como a representação de "alto" e "baixo", que são fundamentais para a constituição de comandos diversos.



Um dos primeiros candidatos ao uso do iBrain é o físico Stephen Hawking, professor lucasiano de matemática da universidade de Oxford e considerado por muitos o físico mais brilhante após Albert Einstein. Hawking é portador de uma doença degenerativa, chamada de esclerose amiotrófica lateral, que vem progressivamente eliminando sua capacidade de movimento. Há anos utilizando uma interface que permite sua comunicação através de movimentos oculares, O iBrain pode ser a estratégia que facilitará a Hawking a comunicação, libertando sua mente de sua cada vez mais restrita capacidade de movimentação.

Os avanços tecnológicos permitidos por este recurso irão permitir que, no futuro, pessoas com graves dificuldades de movimentação possam utilizar as ondas cerebrais para comandar próteses, com redução ou sem a necessidade de implantes físicos. Além disso, permitirá um número gigantesco de possibilidades, como o controle à distância de equipamentos diversos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Psicologia IMED conquista conceito 4

O curso de Psicologia da IMED recebeu conceito 4 pelo MEC.

Parabéns a todos da IMED, especialmente os professores, funcionários e alunos do curso de psicologia por esta grande conquista!

Somos o melhor curso de psicologia da região e um dos melhores do estado!




sábado, 26 de maio de 2012

Problemas com o DSM-5?


Uma postagem de Rafael Garcia no blog Teoria de Tudo, da Folha, apontou que existe um sinal de alerta ligado na psiquiatria com a mudança do DSM-IV para o DSM-5.

Manuais de diagnóstico sempre foram motivos de polêmica na psicologia. Necessários na ótica dos psiquiatras e de quem faz avaliação psicológica, por exemplo, são duramente criticados por psicólogos que militam contra uma categorização do sofrimento mental, defendendo que este fenômeno é tão complexo e pessoal que não justificaria um "reducionismo". Discussões à parte, os manuais existem e vão continuar existindo. Talvez o ponto de equilíbrio seja o bom-senso de apontar em quais situações uma boa descrição é necessária para fundamentar um bom tratamento.



Um dos pontos levantados na discussão do DSM-5 é em relação à depressão. A reunião propôs que o luto (tristeza esperada após uma perda real, como o falecimento de uma pessoa da família, por exemplo) fosse inserido como critério diagnóstico na nova versão, coisa que não existia na versão IV. O que acaba sendo polêmica é a consequência: medicalizar o luto pode ser, em alguns casos necessário, mas o sofrimento que faz parte da perda precisa ser, na medida justa, elaborado, para que a vida continue. Por óbvio que a dor não pode permanecer em definitivo, mas viver a dor é também necessário.

Garcia levanta outros pontos polêmicos do novo manual, como o transtorno misto de ansiedade e depressão, que consta na CID-10 (F41.2) mas não no DSM-IV como diagnóstico específico. Este diagnóstico é indicado quando o clínico não identifica com clareza se há predomínio de ansiedade ou de depressão; entretanto, pode-se pensar que este seria um diagnóstico de "exclusão" ou provisório, na ausência de melhores informações.

Alterações que parecem promissoras referem-se à inclusão de categorias de transtornos, como os transtornos neurodesenvolvimentais, os transtornos de eliminação (separados dos transtornos identificados pela primeira vez na infância e adolescência), a organização em duas categorias dos transtornos de fundo sexual (disfunções sexuais e disforia de gênero), e a inclusão de transtornos neurocognitivos. Já foi comentado em outro post  a inclusão no DSM-5 do transtorno disfórico pré-menstrual, distinto dos transtornos de humor, mas a eles relacionado.

A lista para consulta da proposta de diagnósticos do DSM-5 pode ser consultada aqui (em inglês).

sexta-feira, 30 de março de 2012

A coincidência dos astros

Quando duas coisas ocorrem ao mesmo tempo, é bastante comum que pensemos que estes eventos possam estar relacionados. Se houver uma periodicidade entre eles, ainda mais certeza teremos de que, de fato, eles devem ter algum tipo de ligação, mesmo que esta ligação seja oculta.

Imaginemos que em determinado grupo humano vivendo no passado, num tempo onde a agricultura e a pecuária ainda estavam em processo de domesticação, alguém observa que sempre que as plantas começam o processo de brotamento, dá-se início à época de colheitas ou os rebanhos voltam a aparecer, uma determinada estrela aparece no céu ou o sol se põe num lugar específico do horizonte. O que de início é uma coincidência, com o passar do tempo e das gerações passa a ser um indicador de que a fartura está chegando.




Como a sobrevivência sempre foi e será um tema importante para a humanidade, ter a informação sobre este fato é fundamental. Assim, a cultura desta comunidade assimila que estes dois eventos estão relacionados.

O cérebro humano é programado para identificar padrões e, se eles não existirem, para criá-los, reduzindo, assim, a incerteza. Portanto, fica fácil imaginar que as estrelas, planetas, sol e lua não seriam apenas marcadores de eventos de fartura, mas que elas os provocariam. Afinal de contas, o grupo humano não possui bom controle sobre os eventos agrícolas e pecuários, mas a natureza pode ser capaz de determinar quando eles devem ocorrer. Deve haver uma vontade, além da vontade humana, que rege a natureza. E esta vontade pode ser a vontade das estrelas.

A astrologia nasce assim, da necessidade do homem em compreender e controlar o seu destino, pois se existe uma vontade superior que controla o comportamento das plantas e dos animais, por que seria diferente com o comportamento humano?

domingo, 18 de março de 2012

César Ades e Aziz Nacib Ab'Saber

César Ades foi um psicólogo, pesquisador do comportamento animal, especialmente de aranhas. Após a graduação, fez mestrado e doutorado em Psicologia Experimental e foi livre-docente pela Universidade de São Paulo. Exerceu a docência no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) do qual foi também Vice-Diretor de 1998 a 2000 e Diretor de 2000 a 2004.

Foi um dos mais eminentes pesquisadores em etologia, e suas pesquisas sobre a memória de aranhas tornou-se referência na área, embora tenha também estudado outros animais. O comportamento animal e a evolução foram o mote de seu trabalho ao longo da vida.


O geógrafo Aziz Nacib Ab'Saber foi um grande defensor da ciência. Ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), estudou a geografia brasileira de forma profunda, lançando importantes insights sobre a relação entre o homem e o ambiente. Seus estudos contribuiram de maneira significativa para a preservação da mata atlântica.


O falecimento recente destes dois pesquisadores marcará uma importante falta na ciência brasileira.


quarta-feira, 14 de março de 2012

Grupo de Discussão em Psicologia

O Grupo de Discussão em Psicologia é um grupo virtual onde são divulgadas notícias na área da psicologia, e se propõe a ser um fórum de notícias e debates referentes à prática psicológica.

Participam do grupo psicólogos, estudantes de psicologia, professores, pesquisadores e interessados no tema de todo o Brasil. Nele são divulgadas notícias, congressos, concursos e postos de trabalho.

Para se inscrever no grupo, basta enviar um e-mail para


Sua participação é muito importante! Vamos fazer deste espaço um campo de divulgação e de valorização da psicologia!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Discurso de formatura da primeira turma de psicologia da IMED - 21/01/2012

Cumprimentando o professor mestre Eduardo Capellari, agradeço o espaço para estas breves palavras, e desejo cumprimentar a todos os presentes nesta cerimônia, já nomeados, e em especial aos professores, funcionários da IMED, pais e familiares dos, agora, colegas psicólogos.

Cinco anos passam rápido, eu sempre disse isso para os vocês quando eram meus alunos. E este é um momento duplamente especial: para vocês, que estão se formando psicólogos, e para a IMED, que lança a primeira turma de psicologia.

Me recordo como se fosse hoje, professor Eduardo, quando conversávamos, nos anos de 2005 e 2006 sobre as possibilidades da abertura de novos cursos para a faculdade, e sobre o que desejávamos sobre a formação dos nossos alunos. Uma faculdade nova e inovadora, cheia de idéias e que pretendia se posicionar com qualidade num mercado cada vez mais competitivo, sendo referência em nossa região e no estado. E posso dizer que, sim, conseguimos. A prova disso são estes 27 alunos que hoje estão plenamente aptos para o mercado de trabalho.

O curso nasceu numa época de mudanças para o ensino de psicologia. Há pouco tempo antes da abertura do nosso curso, o ministério da educação divulgou as novas diretrizes para os cursos de psicologia, que são as referências sobre como as faculdades precisam se organizar. Nos desafiamos e fizemos um curso diferente. A psicologia estava ainda distante das necessidades das pessoas, elitista. Hoje está mais próxima, mas muito ainda precisa ser feito. Nossos novos colegas psicólogos estão cientes destes desafios, e eu tenho certeza de que eles toparão e serão plenamente bem-sucedidos.

E assim começou o curso, com uma proposta diferente, e que os alunos puderam sentir desde o primeiro dia. Sempre buscamos aliar a teoria com a prática, e isso foi feito pelos estágios obrigatórios e não obrigatórios, que foram procurados e solicitados por vocês. Nossos professores sempre se esforçaram para dar o melhor em sala de aula, dividindo, compartilhando e construindo o conhecimento do comportamento humano com vocês. Gostaria de agradecer, profundamente, o trabalho, o empenho e a confiança na proposta de uma psicologia atual e preocupada com a pessoa que nossos professores sempre tiveram, e continuarão tendo de forma renovada. E saibam, colegas, que nós professores aprendemos lições valiosas com vocês, que levaremos para sempre em nossa trajetória profissional.

Esta turma é inovadora, não apenas por ter confiado numa instituição que estava abrindo suas portas, mas porque vocês realmente fazem a diferença. É muito gratificante para nós professores ver o seu interesse, dedicação e curiosidade, manifestado na participação de nossas atividades extraclasse, dos congressos, seminários, ganhando premiações fora da IMED e investindo na carreira acadêmica. Temos a felicidade de saber que vários formandos já estão empregados nos locais onde desenvolveram suas atividades de estágio. Cabe ressaltar e parabenizar aqui os quatro alunos que foram aprovados em programas reconhecidos de mestrado na Unisinos e na Unijuí, apontando que sua qualificação já supera a de profissionais formados e no mercado.

O que dizer agora, nestes momentos de despedida, turma? Vocês são nossos filhos, que agora estão prontos. Nossos primeiros filhos. E as coisas são sempre marcantes com os primeiros filhos, não é mesmo? Tudo é novidade... Como dizem os estudiosos de família, vamos passar sim pelo ninho vazio. Sua alegria, sua curiosidade, sua dedicação e inovação vão dar saudades. Mas as portas da casa materna e paterna sempre estarão abertas. Voltem para nos ver, nos tragam novidades, deixem que compartilhemos de seu crescimento pessoal e profissional. Estamos, como sempre estivemos, de braços abertos para vocês, que agora, psicólogos, vão ganhar o mundo.