Pós-graduações IMED 2013

domingo, 7 de setembro de 2014

Uso de estimulação magnética transcraniana é eficaz no tratamento de sintomas depressivos

Um estudo conduzido pelo McLean Hospital, da Harvard University, apresentou que a estimulação neurológica através de campos magnéticos é eficaz no tratamento de sintomas depressivos, aliviando o humor dos pacientes.

Fonte: Harvard Gazette

O campo magnético possui menor intensidade em comparação àqueles utilizados na estimulação magnética transcraniana (EMT) convencional. Contudo, possui uma frequência mais elevada; isto seria um dos fatores que melhoraria mais rapidamente o humor dos pacientes em relação à EMT convencional, que demora mais para produzir os efeitos desejados.

Uma combinação entre EMT de alta frequência com medicamentos pode ser uma estratégia eficaz no tratamento da depressão. Pode-se pensar também que a utilização da EMT até que os medicamentos comecem a ter efeitos mais duradouros sobre o humor (o que geralmente dura entre duas e três semanas) seja considerada um aperfeiçoamento ao tratamento convencional.

O avanço no tratamento de sintomas depressivos é algo necessário, tendo-se em vista os grandes prejuízos pessoais, interpessoais e laborais que provocam na vida de uma pessoa. Deve-se sempre ter em vista que apenas o tratamento medicamentoso, por si só, não é uma estratégia totalmente eficiente para a melhora dos sintomas. A psicoterapia é fundamental para a melhoria dos sintomas depressivos, ajudando o paciente a rever aspectos de sua vida e a melhorar o controle de novas crises.

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terça-feira, 22 de julho de 2014

Discurso de formatura da turma de psicologia 2014-2 da IMED


Agradeço profundamente o convite para ser paraninfo da turma de psicologia 2014-2 da IMED. Compartilho abaixo o discurso da formatura.

Caros novos colegas psicólogos e demais presentes,

Sempre digo que a psicologia é uma escolha difícil, e que é um dos cursos que mais exige da gente. Já disse que estudar outras áreas é relativamente mais fácil do que estudar psicologia, porque estudamos o comportamento. Esta dificuldade, ou complexidade, ocorre porque existem muitos fatores que influenciam a forma como nos comportamos: temos os fatores genéticos, os ambientais, os sociais, que interferem no nosso comportamento de forma muito significativa... uma outra razão, mais densa que essa, é que precisamos aprender a ver a nós mesmos com outros olhos. Posso dizer que esta é a grande tarefa do curso de psicologia: fazer com que os alunos enxerguem coisas invisíveis e dolorosas, mas, ao mesmo tempo, libertadoras.

Existe uma outra razão pela qual a psicologia é uma escolha difícil. Nossa profissão ainda é invisível à sociedade. Muitas vezes as pessoas, por pura não compreensão do que faz um psicólogo, acaba achando que nós "apenas conversamos", ou que "não dizemos nada", ou que não propomos soluções. Esta é uma prova que devemos, como parte de nosso trabalho, a busca de uma maior compreensão do que a psicologia deve e pode fazer. Reforço que é compromisso de vocês, nosso, que a psicologia seja divulgada de uma forma que as pessoas saibam para que ela serve, e assim nosso serviço para a sociedade seja aperfeiçoado.

Escolher a psicologia não é algo fácil porque por mais que vocês tenham o desejo de compreender o comportamento do outro, sempre o seu comportamento estará também no jogo. Vocês se confrontarão com dúvidas, e aprenderão com o semelhante coisas que ainda nem imaginam. Tudo isso pelo desejo que possuem de compreender o que o outro pensa, e por que o outro faz o que faz.

Para sermos psicólogos, precisamos empreender duas jornadas: uma técnica, a outra, pessoal. Tecnicamente, vocês receberam durante a formação uma ótima base teórica e prática. O compromisso da IMED, desde quando se constituiu como faculdade e desde que este curso iniciou, foi e é a de formar não apenas bons profissionais, mas os melhores profissionais. Queremos formar os melhores psicólogos, pois é apenas desta forma que faremos a diferença.

A outra jornada, pessoal, do conhecimento de si mesmo, é dura. Hoje, em tempos rápidos, onde a informação é um bem de consumo, parece que o autoconhecimento deixou de ter a importância que realmente merece. Talvez o verdadeiro autoconhecimento nunca tenha sido realmente valorizado como deveria, pois se assim o fosse é bastante possível que hoje teríamos uma sociedade melhor, menos corrupta, e que valorizasse mais o ser humano. Vocês acreditam nestes valores, e por isso fizeram psicologia.

Vocês serão buscados pelas pessoas quando elas estiverem em situações difíceis, frágeis, desconsoladas e perdidas, quando tiverem perdido os que amam e aquilo que acreditavam que era a verdade de suas vidas; quando houver uma catástrofe e perderem tudo, de material e de sentimental. Vocês, contudo, não darão respostas definitivas sobre o que elas deverão o não fazer, mas as ajudarão humanamente a encontrar e a construir suas próprias respostas, a resgatar o sentido de suas vidas.

As verdadeiras questões continuam as mesmas, e permanecem intrigantes: quem somos nós? de onde viemos? e para onde vamos? pensar nisso desperta desconforto, dor, e preferimos muitas vezes uma vida rápida e vazia, porque assim a dor, que nos incomoda, não aparece. Mas não, um dia ela vem com toda a força, e nos leva... se não conseguimos achar as respostas por nós próprios e a dor persistir, é um psicólogo que pode nos auxiliar. Esta é uma nobre atividade, isso mostra o que possuímos de realmente humano, e isso torna o mundo melhor.

Por fim, me resta agradecer a vocês não apenas pelo convite como paraninfo desta formatura, mas por tudo o que vocês me proporcionaram. Muito obrigado pelo aprendizado que tive com vocês ao longo destes cinco anos. Obrigado por me mostrar que nosso trabalho traz ótimos frutos. Por mostrar que ajudamos as pessoas em momentos críticos, e que isso faz toda a diferença do mundo, para nós e para elas. Obrigado por acreditarem na psicologia e por escolherem, como um dia eu escolhi, ela como minha profissão. Isto também me tornou mais humano. Não desistam nunca de seus sonhos, porque são eles o que realmente nos mantém vivos. Sucesso!

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Descobertos genes relacionados ao Transtorno Afetivo Bipolar

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é caracterizado por grandes variações de humor, fazendo com que a pessoa ora experimente fortes sintomas depressivos e, pouco tempo após, sinta-se muito bem, com energia e disposição bastante elevadas. Estes sintomas causam prejuízo significativo nas relações interpessoais e no trabalho, pois se a pessoa possui dificuldade para estabilizar seu humor, alternando períodos de "alta" e "baixa", terá dificuldades para manter um relacionamento estável e um rendimento laboral adequado.

A prevalência do transtorno, segundo o DSM-5, é de aproximadamente 0,6% da população (nos Estados Unidos). Considerando estes dados para o censo do Brasil (2010), estima-se que cerca de um milhão de pessoas tenha o transtorno.

Fonte: Cultura

Recentemente, o professor Markus Nothen da Universidade de Bonn, Alemanha, identificou genes relacionados com o transtorno bipolar. Comparados com pessoas sem o transtorno, há três genes que ocorrem com maior frequência em pessoas com o transtorno, o que poderia aumentar as chances de provocar as variações de humor.

Os achados são relevantes para a compreensão mais ampla do transtorno. Contudo, reduzir o TAB à genética é simplista. Dados de pesquisa neurológica apontam que as estimulações que uma pessoa tem do ambiente são tão determinantes quanto a genética na definição do comportamento. Mesmo que uma pessoa tenha genes que favoreçam o TAB, o ambiente é "gatilho" que favorece, ou não, o aparecimento dos sintomas. Se uma pessoa possui os genes, mas o ambiente oferece poucos estressores ou a pessoa gerencia bem estas pressões, a probabilidade de aparecimento dos sintomas é muito menor.

Dados de pesquisa genética e biológica precisam ser cruzados com a pesquisa psicológica. O comportamento humano é complexo e multideterminado. Hoje se sabe que não podemos, apenas em raras situações, atribuir a causa de algum transtorno mental apenas a um fator. Quando fazemos isso, estamos simplificando uma coisa que não é simples. A melhor compreensão do comportamento humano leva em conta a grande gama de variáveis ambientais e biológicas que nos constituem e compõem nossa história.