Uma das características principais das cidades inteligentes é a capacidade de estar "conectada", ou seja, de captar e processar informações, derivados de diferentes meios - tais como câmeras ou outros tipos de sensores - para que estas informações possam ser utilizadas para resolver problemas diversos, e otimizar recursos. Por exemplo, hoje tem-se a capacidade de identificar se uma determinada região está com as vias de trânsito obstruídas devido a um acidente; uma cidade inteligente é capaz de reduzir ou evitar congestionamentos através do monitoramento de vias de grande tráfego, desviando-o quando necessário para outras vias alternativas. Da mesma forma, uma gestão inteligente de recursos pode evitar problemas como apagões elétricos, que traz prejuízo a todos, através da previsão de um aumento do consumo de eletricidade.
Fonte: Faixa de Fronteira
Se os benefícios e as possibilidades dos recursos tecnológicos para se constituir e gerir cidades inteligentes é um recente, o conceito do uso de estratégias inteligentes para modificar padrões humanos de comportamento social não é. A psicologia e a sociologia já vem estudando aquilo que hoje chamamos de cidades inteligentes, focando em possibilidades de modificação do comportamento, há algumas décadas.
Um destes casos em especial chama-se Walden II. B. F. Skinner escreveu em 1945 um romance onde um grupo de pessoas descreve uma cidade planejada de acordo com a "engenharia comportamental" derivada dos conceitos fundamentais da teoria behaviorista. Ele propõe soluções para a educação, criação das crianças, educação e o trabalho. Um dos exemplos disso refere-se à escolha das profissões, onde Frazier, o idealizador da cidade, explica que um dos elementos que faz com que as pessoas escolham determinadas profissões seja a remuneração potencial, tanto quanto o status que a sociedade atribui a esta ocupação.
Por óbvio que a sociedade mudou muito desde que Walden II foi escrito, e também que nem todos os seus elementos podem ser aplicados diretamente na sociedade de hoje. Entretanto, é interessante observar que há um paralelo entre o que hoje chamamos de cidades inteligentes e o planejamento da vida, e que é crescente a necessidade de discutir estes temas coletivamente. Uma cidade verdadeiramente inteligente será aquela que seja capaz de discutir e alterar aspectos fundamentais da vida de forma importante para todos, para além das questões de destino de dejetos e eficiência energética.
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